Ka foi o mais desvalorizado entre os mais vendidos em 2020

Levantamento da Kelley Blue Book Brasil, empresa especializada em pesquisa de preços de veículos novos e usados, sobre quanto desvalorizaram os 10 carros mais vendidos em 2020, seguindo o ranking da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Entre os modelos listados, o que mais desvalorizou no período foi o Ford Ka, com -13,51% de decréscimo.

Para elaborar essa lista, a KBB calculou uma média aritmética por modelo, considerando apenas as versões com ano modelo 2020, entre janeiro e dezembro do ano passado: comparou-se o preço 0 km de janeiro de 2020 com o preço de revendedor de dezembro de 2020, que é a referência para saber por quanto os lojistas estão revendendo os carros em suas lojas.

Por este método, o Chevrolet Onix aparece como único veículo desta lista que obteve uma valorização entre seu preço 0 km de janeiro e seu respectivo valor de usado em dezembro. As razões para tanto têm a ver com o contexto atípico de aumento de preços de carros 0 km em 2020, o que acabou provocando o “efeito elástico” nos valores praticados no mercado de usados, valorizando alguns modelos ao longo do ano passado (entre outros fatores particulares do período).

O anúncio da Ford sobre o encerramento da produção de veículos da montadora no Brasil gerou turbulências em diversos setores da economia. Uma das primeiras a se pronunciar, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) avaliou que o caso é um sinal de alerta para o governo do país e o Congresso Nacional, afirmando serem necessárias medidas para a redução do chamado “Custo Brasil”, dentre elas a reforma tributária. Especialistas concordam que o sistema tributário brasileiro impacta negativamente o ambiente de negócios, resultando na falta de investimentos por parte de muitas empresas estrangeiras. Para a CNI, a reforma tributária se apresenta como uma pauta prioritária para a redução do principal entrave à competitividade do setor industrial brasileiro. Segundo nota divulgada pela instituição, o ambiente de negócios de um país é peça-chave no momento de decisão sobre onde uma companhia deve permanecer e onde fechar.

Na análise da advogada tributarista Rafaela Calçada da Cruz, sócia do Pereira do Vale Advogados, o atual sistema tributário brasileiro é burocrático, complexo e custoso. “É burocrático, uma vez que se exige o cumprimento de inúmeras obrigações tributárias principais (tributos) e acessórias (emissões de documentos fiscais e escrituração fiscal). É complexo porque são múltiplas as legislações, dado que emanam da União, 27 estados e mais 5 mil municípios, sendo cada uma com regras próprias, que, em sua maioria, não são claras, facilitando o cometimento de equívocos pelos contribuintes”, afirma a especialista.

Para Rafaela, muitas empresas estrangeiras deixam de investir no Brasil ou encerram as atividades no Brasil em razão do sistema tributário brasileiro.

Mesmo considerando que o encerramento das atividades da Ford no Brasil não pode ser atribuído apenas às questões tributárias, mas ao ambiente econômico como um todo, principalmente em razão da pandemia, Rafaela Calçada da Cruz acredita que o caso da montadora revela uma realidade que pode ser melhorada com a reforma tributária, que deve ter como mote principal a simplificação do sistema e menor custo, a transparência, a equidade nos tratamentos tributários diferenciais e desonerações, a redução da carga tributária e a segurança jurídica e a redução do contencioso.

Fonte: Monitor Mercantil

Para especialistas, Caso Ford indica necessidade de mudanças no sistema tributário

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